É amor

Eram assim, na mesma esquina, hora e no mesmo abraço que se encontravam todos os dias. Riam do vento, brincavam com as gotas da chuva e planejavam um futuro inteiro juntos, até mesmo em uma casinha, às vezes em uma mansão, nunca se importaram com “inha” ou “ão” apenas com o “or”, amor, calor... O tempo passava numa velocidade imensa, eu sempre observando da minha varanda toda aquela ternura, simplicidade e o “or”. Quando atrasavam um segundo eu já sentia falta, por mais raro que era atrasarem. Nem isso eles queriam perder um do outro, nem um segundo. Todos os dias me fazia milhares de perguntas, de onde viam, como se chamavam e porque se encontravam ali, sempre naquele exato lugar, naquela mesma hora. Do jeito que sou já teria abusado de tudo aquilo, mas quando pensava nisso eu sempre lembrava o que era amor. Não importa dia, tempo, lugar, estação, é amor, é amar, é amando que se ama. Mas há exatamente sete dias, eles não são amor, não é amar, e não estão amando como se ama. Era o que eu pensava, me fazendo perceber o quanto era pessimista. Quando descobri que eles estão se amando mais que qualquer dia.

Ela tem uma seria doença, no entanto era proibida de se encontrar com seu amigo de infância, o qual pensava sempre antes de dormir. Ele não se importava, com dia, tempo, lugar, estação, ele só queria amá-la e assim amar. Agora tudo tinha piorado, ela estava em uma cama, e ele, também estava lá. Até que um dia não foi possível se encontrarem no mesmo lugar todos os dias novamente. Mas como amor é amor, ele inventou uma nova rima, enfrentou problemas por doar tanto para ela e nunca haver resultado, o que importava na verdade era estar ao lado. Sua mãe falou – filho, você está acabando com sua vida. Olha como agora está, já lutou tanto por essa moça, lute agora por você- ele respondeu – Mãe, tantas noites nos transformamos em um só, que acabamos sendo um só sem perceber-.